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O problema da radiação dos telefones celulares
Há vários anos ouço do nosso Mestre em Medicina Chinesa, Liu Chih Ming, sobre a importância de evitarmos o uso do celular devido às consequências maléficas da sua radiação. Ele citou algumas pesquisas taiwanesas que já demonstravam que nesse país o número de cânceres cerebrais em especial havia crescido de forma significativa, mas que ele não entendia porque essas pesquisas não eram divulgadas ou repetidas nos países ocidentais.
Eu, mesmo sendo seu discípulo, sempre usei celular normalmente, atribuindo essas advertências a um certo exagero sobre os efeitos dessas modernidades tecnológicas, como os antigos tinham medo no início das ondas de rádio ou de televisão.
Acontece que recentemente troquei meu celular por um smarthphone Nokia E71, onde agora, além de fazer minhas ligações, concentro minha agenda, além de alguns documentos e também acesso meu email e até mesmo a internet. Obviamente passei a usar muito mais o aparelho do que usava meus celulares anteriores. Com algumas semanas de utilização comecei a notar algumas dores nas articulações dos dedos da mão, especialmente do dedo indicador, onde apóio o celular para digitar. Como utilizo muito a mão e os dedos na minha profissão e nas minhas atividades físicas, num primeiro momento não vi relação dessas dores com o uso do celular novo. Alguns dias depois comecei a sentir também dores agudas na região torácica, entre as escápulas. Mesmo sendo um profissional da área de Medicina Chinesa com alguma prática clínica, não conseguia diagnosticar a causa dessa dor tão forte que chegou a me deixar de cama por dois dias.
Somente após algumas semanas comecei a identificar um padrão interessante: as dores sempre começavam a surgir e se agravavam nos dias que eu utilizava por mais tempo o celular. Passei então a fazer um teste básico. Fiquei alguns dias utilizando-o de forma limitada e a dor desapareceu. Voltei a utilizá-lo livremente e a dor retornou.
Para minha grata surpresa, justamente nesse período de pesquisa, leio uma matéria muito bem feita na revista Época, com uma entrevista com a epidemiologista americana Devra Davis, na qual ela aborda os sérios riscos do efeito da radiação em nosso organismo.
De toda a entrevista, chamou-me a atenção o fato dos próprios fabricantes de celular recomendarem uma distância mínina para o uso com segurança dos aparelhos de celular, que no caso do meu aparelho é de 22 milímetros, ou seja, para fazer as ligações eu deveria mantê-lo afastado da minha orelha 22 milímetros. Mas essa informação, como destacou a pesquisadora, convenientemente não vem escrita no manual do produto, para conhecê-la é necessário baixar o Guia de Informações de Segurança no site de cada fabricante, coisa que ninguém faz.
A Dra. Davis está lançando nos EUA um livro chamado “Disconnect”, no qual discute profundamente esse tema, inclusive mostrando pesquisas que, assim como as citadas pelo meu mestre, comprovam os efeitos cancerígenos do celular, mas que são abafados por pesquisas pagas com recursos multimilionários da indústria das telecomunicações, uma das poucas que mantém lucros exorbitantes nesta época de recessão mundial.
Outro ponto chave da entrevista fala de um pesquisador brasileiro, Álvaro Augusto Almeida de Salles, professor da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que comprovou que esses efeitos são 60% mais fortes nas crianças até 10 anos do que nos adultos. Nós sempre procurávamos evitar que o nosso filho de um ano e quatro meses brincasse com o celular (coisa que vejo muitas crianças fazendo). A partir de hoje levaremos isso definitivamente mais a sério.
Pela visão da Medicina Chinesa, nosso corpo possui uma fisiologia dependente de funções físicas e energéticas (o que chamamos de Yang) e de uma estrutura que dê suporte a essas funções (o que chamamos de Yin). Acontece que tanto um distúrbio estrutural acarreta em desarmonias funcionais, como modificações funcionais levam a distúrbios materiais. As ondas de micro-ondas emitidas pelo celular causam uma hipercirculação de Energia (Qi) e Sangue (Xue) na região (você nunca sentiu um ardor na orelha quando usa por mais tempo o celular?). Essa hipercirculação nós chamamos de “Calor”. Esse “Calor” mantido por muito tempo , como qualquer outro tipo de fonte de “Calor”, diminui e resseca os fluídos da região e causam uma aceleração das funções fisiológicas até mesmo num nível celular. Por isso promove o aparecimento de células mal-formadas com característica que lesão e de adesão.
Como solução prática a Dra. Davis sugere que usemos fones de ouvido todas as vezes que usemos o celular. Inclusive ela diz que nunca coloca o celular junto de sua cabeça (e eu sei de conhecidos que dormem junto do celular!). Já encomendei meu fone de ouvido Bluetooth nos EUA, que, segundo Magda Havas, professora associada do Institute for Health Studies da Universidade de Trent em Ontário, Canadá, também emite radiação, mas 100 vezes mais fraca do que o celular. E você, como vai lidar com essa questão?