• Estresse pela visão da Medina Chinesa

    Na Medicina Tradicional Chinesa, ou simplesmente Medicina Chinesa, como prefiro chamá-la, já que só existe uma medicina típica chinesa, consideramos que todo tipo de Síndrome Interna é causada por um desequilíbrio emocional. Nossas emoções são extremamente complexas e particulares, mas, didaticamente, os mestres da Medicina Chinesa dividiram os distúrbios emocionais em 7 tipos gerais e os relacionaram aos 5 sistemas energéticos do corpo, que são regidos por determinados Órgãos, como coloco abaixo:

    • Raiva – Fígado (Elemento Madeira)
    • Euforia – Coração (Elemento Fogo)
    • Preocupação e Pensamentos Obsessivos – Baço (Elemento Terra)
    • Tristeza – Pulmão (Elemento Metal)
    • Medo e Susto – Rim (Elemento Água)

    Todas as demais emoções são subtipos ou mesclas dessa diferenciação geral, como, por exemplo, a mágoa, que é uma emoção com componentes de raiva e tristeza simultâneos.

    É importante saber que nenhuma emoção, simplesmente por a sentirmos, é capaz de gerar desarmonias na nossa saúde. Elas passam a ter esse efeito somente quando as sentimos com uma intensidade excessiva ou por um tempo excessivo.

    Ficar triste ou irritado após uma discussão é natural. Permanecer nessa emoção por semanas, meses, anos, não. Esse não é um processo natural, mas é comum de acontecer. E é assim, mantendo-nos num mesmo padrão emocional, que geramos as doenças Interiores.

    Dos 7 tipos de emoção é difícil compreendermos como podemos manter um padrão prolongado no caso da euforia, já que entendemos esse estado como algo fugaz. O que é importante entendermos é que o que os chineses antigos chamavam de euforia é o que chamamos de estresse. É claro que algumas pessoas usam a palavra estresse com outros sentidos, denotando que estão raivosas, ressentidas ou preocupadas. Mas, de modo geral, um estilo de vida muito agitado, corrido, no qual a mente precisa permanecer alerta e hiperexcitada grande parte do dia, é o que os chineses consideravam permanecer eufórico.

    Assim, conseguimos compreender porque encontramos tantos pacientes com problemas cardíacos ou sintomas atrelados ao sistema energético do Coração, como insônia, falta de memória, palpitação, dores difusas pelo peito ou alterações na transpiração.

    Se identificarmos alguns desses sintomas e percebermos que vivemos nessa euforia diária, é importante buscarmos um bom profissional da Medicina Chinesa para orientar o tratamento, que poderá ser feito utilizando acupuntura, massagem Tui Na e/ou Fitoterapia, e, acima de tudo, revermos o modo como levamos o nosso dia a dia, procurando desacelerar a atividade mental em todo momento em que isso for possível e não permanecermos “ligados” 24 horas por dia. A prática de um hobby, de atividade física e de práticas como a meditação, o Qi Gong e a Yoga são recomendações terapêuticas valiosas.

  • Pulsologia e a degustação de vinhos

    Ilustração milenar de terapeuta examinando o pulso do paciente
    Ilustração milenar de terapeuta examinando o pulso do paciente

    Luis Fernando Veríssimo escreveu certa vez que “já se disse mais bobagem sobre vinhos do que sobre qualquer outro assunto, com a possível exceção do orgasmo feminino e da vida eterna.” Certamente ele não acrescentou a essa lista de exceções a pulsologia porque não conhece nada de Medicina Tradicional Chinesa.

    Já li, já tive e já dei aula de provavelmente todos os principais temas teóricos da MTC. Posso dizer com tranqüilidade que a análise do pulso é o tema mais controverso, mais misterioso e também sobre o qual já se disse um número incontável de divagações abstratas e imprecisas (ou melhor dizendo – bobagens). Pergunta o aflito aluno: “o que é um pulso Flutuante professor?” E o brilhante mestre responde do alto da sua profunda sabedoria: “é como sentir uma madeira boiando num riacho.” Simples assim. E o aluno acaba de desistir de usar a pulsologia na sua prática clínica, achando que é coisa de chinês maluco ou que só vai chegar nesse “nível” de compreensão nas próximas vidas.

    Há pouco tempo comecei a me interessar cada vez mais sobre vinhos. Mas confesso que esse universo me parecia dificílimo. Quando via o Renato Machado no programa “Mesa para Dois” falando sobre os vinhos e as suas harmonizações com a comida (e também contando o preço dos vinhos que estava degustando) pensava em desistir ou deixar para algumas encarnações vindouras. Mas dois fatos mudaram essa visão. Ganhei um ótimo livro da minha preciosa esposa chamado “Sem Segredos”, do Matt Skinner. Ele é sommelier dos restaurantes do famoso chef Jamie Oliver (que por sinal também me ajudou muito a desmitificar o mundo da gastronomia). E também passei a frequentar uma degustação de vinhos semanal numa adega perto de casa.

    vinhoMunido das informações do livro e do respaldo técnico dos freqüentadores mais experientes da degustação passei a me aventurar na análise dos vinhos. Posso dizer que em um mês tive uma evolução surpreendente, tanto pra mim, quando para os meus colegas de vinho, conseguindo até conversar bem razoavelmente (mas com muita humildade) com pessoas que tomam vinhos há trinta anos. Como isso foi possível? Porque a forma como se desenvolve a capacidade de se perceber as características de um vinho é exatamente igual à de ser capaz de detectar as diferenciações do pulso de um paciente.

    E essa chave na verdade é muito simples: você só é capaz de perceber, por exemplo, o que são os taninos de um vinho, se você for capaz, anteriormente, de descrever qual é a sensação dos taninos. Tornando ainda mais simples. Não adianta tanto você ficar tomando centenas de vinhos (e ficar muito pobre com esse processo) esperando que um dia, magicamente, e sem nenhuma ajuda, você passe a sentir os tais dos taninos. Agora, se alguma boa alma chega para você e lhe diz: os taninos de um vinho causam uma sensação de secura na boca, secando a saliva, como quando comemos uma banana verde. Fica bem mais fácil agora você perceber os taninos do próximo vinho que você for tomar, não? E agora, depois de uns três ou quatro vinhos ,você já será capaz de dizer qual apresenta mais taninos (pois seca mais a sua boca) do que o outro com menos. E isso funciona com todas as demais características do vinho, como acidez, amargor, ser redondo, etc…

    Da mesma forma, um terapeuta de Medicina Chinesa, só será capaz de sentir as características de um pulso se for capaz de descrevê-las. Por exemplo, o tal do pulso Flutuante: ele é um pulso sentido com mais intensidade e clareza no nível superficial do toque (no nível da pele) e que, ao se aprofundar a pressão, ele perde intensidade. Também fica mais fácil, não é?

    As correlações entre a degustação de vinhos e a análise da pulsologia na Medicina Chinesa não param por aí. Mas isso fica para um próximo post.

    Enquanto isso, recomendo irmos treinando com um Casa Lapostolle, da uva Merlot, 2006 ou 2007. Saúde!

  • TPM? Trate Pela Medicina Tradicional Chinesa

    Que mulher já não vivenciou a sensação de não ser mais capaz de administrar a própria vida?

    De repente, de um dia para o outro aquilo que era corriqueiro e fácil, torna-se difícil, confuso e cansativo. Um tornado interno leva embora a estabilidade e agita um mar de frustrações e ressentimentos. Às vezes a lucidez parece desaparecer e só resta a tensão e a irritabilidade sem motivos aparentes.

    Esses sinais podem variar de intensidade e surgir um dia ou até duas semanas antes da vinda da menstruação. É a famosa TPM, um desequilíbrio considerado de fácil correção segundo a Medicina Tradicional Chinesa.

    Mulheres que vivem sob tensão e que guardam mágoas e ressentimentos facilmente tem a energia do Fígado paralisada, o que provoca um bloqueio na sua habilidade de equilibrar as emoções, circular com suavidade a energia por todo o organismo e movimentar o sangue no útero.

    Em decorrência disto as emoções ficam afetadas e desconfortos físicos como cefaléia, distensão nas mamas e no abdome podem aparecer, pois são locais por onde o canal de energia do Fígado percorre.

    A ingestão de laticínios e gordura combinada com tais dificuldades emocionais também agravam os sintomas, pois formam o que denominamos de Mucosidade-Fogo, um desequilíbrio mais severo de tratar, porque bloqueia ainda mais a circulação de energia pelo organismo.

    Outra causa comum para a TPM é o excesso de esforço físico porque canaliza muita energia do Fígado para o aporte de sangue para os tendões.

    O tratamento para esse distúrbio pode ser feito através dos pontos de Acupuntura que liberam a circulação deste canal, tais como os pontos Fígado 2 e Fígado 3 e também sobre o canal do Pericárdio, que distribui a energia nas mamas e influencia a serenidade da mente.

    Uma boa massagem, como o Tui Na, que libere e nutra os tendões e os canais energéticos é recomendada para atenuar e tratar os sintomas.

    A Fitoterapia também é indicada, pois há ervas dentro da MTC que desbloqueiam a estagnação de energia e sangue pelo organismo.

    Vale dizer que manter atividade física prazerosa na rotina e o hábito de comunicar claramente os sentimentos previne a TPM e garante uma vida mais saudável e feliz!

    Outra descoberta interessante a parte da Medicina Chinesa é o uso do óleo de Prímula (Oenothera biennis), cujos componentes parecem reduzir os sintomas da TPM segundo pesquisadores.

  • Indicação de livros sobre Pulsologia e Semiologia da Língua

    Dois pilares do diagnóstico da Medicina Chinesa são a Pulsologia e a Semiologia da Língua. Por se tratarem de métodos exclusivos nossos alunos perguntam muito sobre literaturas específicas a respeito. Segue então nossas principais indicações:

    1) O Segredo do Diagnóstico Chinês pelo Pulso – Bob Flaws

    Livro pequeno, mas com excelentes dicas que desmistificam a Pulsologia.

    2) Diagnóstico pelo Língua na Medicina Chinesa – Giovanni Maciocia

    Gostamos desse autor e, dentre os livros de Língua, esse é um dos mais completos e interessantes.

  • Crianças – Tratamento pela Medicina Chinesa

    Apesar de possuir várias ferramentas terapêuticas, a prática da Medicina Tradicional Chinesa no Brasil ficou mais conhecida pela aplicação da Acupuntura em seus tratamentos. Mas muitos de nossos pacientes nos perguntam sobre o tratamento de crianças, já que a combinação de “criança” com “agulha” não nos traz uma boa imagem.

    De fato, para crianças muito pequenas, é praticamente inviável a utilização da Acupuntura. Não existe uma regra sobre a idade ideal para começar a tratar uma criança através da Acupuntura, já que algumas crianças se desenvolvem e amadurecem mais rapidamente do que outras, mas há um consenso prático de que antes dos 6 anos é muito difícil utilizar no tratamento as agulhas de penetração. Na China é mais difundida a utilização de agulhas com pontas arredondadas e mais grossas que só pressionam e estimulam os pontos. Mas mesmo com essas agulhas as crianças se assustam ao vê-las e também sua prática se torna difícil.

    Mas então como tratamos as crianças? Nós utilizamos duas outras ferramentas da Medicina Chinesa, o Tui Na (Massoterapia) e a Fitoterapia. Elas apresentam ótimos resultados em inúmeros tratamentos para adultos, mas a sua utilização é ainda mais surpreendente nas crianças. Isso porque as crianças estão numa fase de abundância de Energia (Qi) e ainda não possuem normalmente os complicadores emocionais de um adulto. Assim, com poucas manobras de massagem, em poucos pontos pelo corpo, que normalmente não ultrapassam 20 minutos, realizam-se vários tratamentos, especialmente os mais comuns desta idade. Os resultados são ainda melhores com formulações fitoterápicas específicas, com dosagens próprias para cada idade.

    É importante ressaltar que a boa eficácia das técnicas depende do correto diagnóstico pela abordagem e visão da Medicina Chinesa, e que esse diagnóstico em crianças difere em alguns aspectos do de adultos. Nelas utilizamos, por exemplo, a observação da Veia do Dedo Indicador (VDI) como um método específico de diagnóstico.

    Por isso, se quiser levar seu filho para um tratamento pela Medicina Chinesa, procure um terapeuta com conhecimentos sobre essas variações de tratamentos pediátricos.

  • Tabagismo – A Acupuntura como auxílio para se parar de fumar

    O tabagismo é uma das causas de doenças mais importantes no mundo hoje. Cada dia mais pessoas tem tomado consciência da importância de livrarem-se desse terrível vício e para suprir essa necessidade o campo da saúde como um todo tem buscado oferecer várias ferramentas auxiliares para ajudar o fumante nessa difícil passagem até ver-se livre do vício. O que pouca gente sabe é que a Medicina Tradicional Chinesa, através da Acupuntura e da Fitoterapia, é uma das formas mais interessantes de apoio ao indivíduo que decide parar de fumar.

    Para a visão da MTC, o cigarro causa um padrão sério de Secura-Calor no Pulmão, levando ao desgaste prematuro desse Órgão vital. O Pulmão é a fonte da nossa energia (Qi). É ele quem faz a união da energia captada pelo ar que respiramos, com a energia extraída da nossa alimentação, transformando-as em energia aproveitável pelo corpo todo. Assim, os males causados pelo desgaste do Pulmão são inúmeros. Na terceira idade, quando há um declínio natural da nossa energia vital, se torna ainda mais evidente os problemas que esse desgaste pode gerar, levando a uma perda enorme da nossa qualidade de vida, especialmente nessa fase da vida.

    O Calor interno gerado pelo cigarro ainda pode afetar outros Órgão e Vísceras, gerando, por exemplo, gastrites (Calor no Estômago), prostatites e cistites (Calor no baixo-ventre). Mas esse Calor, quando generalizado, ou muito concentrado em algum local, num quadro ainda de diminuição da nossa energia de resistência, devido ao desgaste do Pulmão, gera um quadro muito provável de aparecimento de tumores e cânceres.

    Na nossa clínica, utilizamos a Acupuntura sistêmica (com as agulhas finíssimas nos pontos pelo corpo todo), a Acupuntura auricular (estimulando os pontos reflexos na orelha) e a Fitoterapia (utilização de ervas fitoterápicas especiais). O casamento dessas 3 ferramentas tem o objetivo de acalmar o paciente, auxiliando-o a passar pelo período de abstinência, diminuir os efeitos da falta de nicotina e por fim, tonificar o Pulmão diminuindo os efeitos prejudiciais do fumo e restabelecendo a saúde desse Órgão. As sessões são feitas normalmente 1 ou 2 vezes por semana e o número de sessões varia de acordo com o momento em que se encontra o paciente, sua resistência física, sua idade e de seu grau de dependência. Além disso são passadas várias recomendações específicas para cada caso, como alimentação adequada e exercícios respiratórios que auxiliam em todo o processo.

    Mas, apesar de todas as possibilidades terapêuticas, é fundamental que o paciente tenha criado consciência da necessidade de parar de fumar e esteja munido de toda a sua força de vontade, pois qualquer tratamento anti-tabagismo é um auxiliar à essa decisão, à força de vontade e à iniciativa do indivíduo.

    Assim, colocamos abaixo alguns dados sobre as conseqüências do tabagismo:

    1) O tabagismo é responsável por cerca de 3.000.000 de mortes evitáveis por ano no mundo ocidental.
    2) Aumenta em 10 vezes o risco de câncer nos pulmões e várias vezes o risco de câncer na boca, garganta, esôfago, pâncreas, rins, bexiga e colo do útero.
    3) Recentemente observou-se que o hábito de fumar está associado com o risco de leucemia, câncer de cólon e próstata.
    4) Aumenta em 4 vezes o risco de fraturas no quadril, vértebras e punho.
    5) Aumenta em 3 vezes a incidência de AVC e úlcera péptica.
    6) Aumenta em 2 vezes o risco de catarata.
    7) Causa envelhecimento precoce da pele.
    8) Aumenta em 3 vezes o risco de doenças coronarianas.
    9) A fumação do cigarro no meio ambiente também é um perigo sério ao não fumante, principalmente às crianças, por aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
    10) A fumaça do cigarro contêm mais de 4.500 substâncias químicas e pelo menos 40 delas são conhecidamente cancerígenas.
    11) O risco de morte por doença cardíaca é aproximadamente 30% maior em pessoas expostas à fumaça do cigarro no meio ambiente e em casa.
    12) Nenhum tipo de cigarro é seguro, mesmo os de baixos teores.
    13) A expectativa de vida média é reduzida em 7 anos no grande fumante (cerca de 20 cigarros por dia / 1 maço), sem levar em conta a perda de qualidade de vida por tempo prolongado antes da morte.